Biografia de GABRIEL DELANNE 1857-1926
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Nasceu no dia 23 de março de 1857, exatamente no ano em que Kardec publicava a 1.ª edição de “O Livro dos Espíritos”.
Seu pai, Alexandre Delanne, era espírita e amicíssimo de Kardec, motivo porque foi ele grandemente influenciado pela idéia. Sua mãe trabalhou como médium, cooperando com o mestre de Lyon na Codificação.
Delanne foi um dos maiores propagadores da sobrevivência e comunicabilidade dos Espíritos.
Afirma ele: “A inteligência que se manifesta não emana dos operadores; ela declara ser aquele cujo nome declina. Não vemos porque se obstinaria em negar sua existência. Vamos, agora, acumular as provas da existência dos Espíritos, e elas irão se revestindo de um caráter cada vez mais forte, por forma que nenhuma denegação será capaz de combater a evidência da intervenção dos Espíritos nessas novas manifestações.”
Publicou “O Espiritismo Perante a Ciência”, “O Fenômeno Espírita”, “A Evolução Anímica”, “Pesquisas sobre a Mediunidade”, “As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos”, além de outras obras de cunho científico. Fonte: ABC do Espiritismo de Victor Ribas Carneiro
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(1857 – 1926)
Gabriel Delanne era filho de pais espíritas convictos e praticantes, sendo o seu pai um dos fundadores da Liga Parisiense de Ensino e afeiçoado amigo de Allan Kardec, fazendo parte com este da direção da Sociedade Espírita fundada por ambos. Sua mãe, portadora de mediunidade ostensiva, muito colaborou na codificação kardequiana com suas comunicações, transmitindo informações confiáveis filtradas do mundo espiritual através de seus dons. Nasceu portanto esse grande defensor do Espiritismo em ambiente espiritual propício a sua preparação, o que se fez nos moldes rigorosamente científicos e com estrita fidelidade ao seu codificador. Afirmando sempre que a sua crença inabalável era a espírita, e dedicando-se desde cedo à pesquisa experimental dos fatos presenciados dentro da sua própria casa, veio a receber da espiritualidade uma mensagem cujo teor o faria mais dedicado e disciplinado para com suas pesquisas. Dizia a mensagem: “Nada temas. Tem confiança. Jamais ser rico do ponto de vista material. Coisa alguma, porém, te faltar na vida”.
Em 1883 ele fundou a revista “O Espiritismo” graças à generosidade de uma inglesa, Elisabeth D’Esperance, que lhe doou o dinheiro para as despesas. Passou então a realizar experiências com grandes médiuns. Em 1904 juntamente com Charles Richet e outros estudiosos,presenciou os prodigiosos fenômenos de materialização de Vila Cármen, em Argel. A produção literária de Delanne não se apóia em especulações imaginárias, mas em fatos por ele mesmo investigados e confirmados. Dedicando-se de maneira especial ao trabalho de demonstrar que o Espiritismo se apóia em bases científicas, escreveu essas principais obras hoje conhecidas em todo o mundo: “Pesquisas sobre a Mediunidade”, “A Alma é Imortal”, “O Espiritismo perante a Ciência”, “O Fenômeno Espírita”,”A Evolução Anímica”, “As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos”, “Documentos para o Estudo da Reincarnação”. e finalmente “A Reencarnação”.
Em “O Espiritismo perante a Ciência”, ele traça com rara maestria um quadro completo dos dados que o psiquismo pode apresentar para merecer o respeito dos cientistas. E como demonstração da admirável segurança de sua argumentação, basta que se lance os olhos sobre suas páginas e verifique-se, que desde a época já distante em que apareceu a primeira edição desta obra, o seu autor teve a satisfação de verificar que algumas das mais importantes
teorias expostas tiveram a consagração da Ciência.
Em sua luta para estabelecer a verdade espírita, sabedor dos males gerados pela ignorância, pelo fanatismo e pela paixão desregrada escreve: “A luta é inflamada e provavelmente ser longa, de vez que os prejuízos religiosos e científicos se mostram obstinados. Insensivelmente, porém, a evidência acaba impondo-se. Temos agora a convicção de que a certeza da imortalidade se tornar uma verdade científica, cujas conseqüências benfazejas, fazendo-se sentir no mundo inteiro, mudarão os destinos da humanidade”. Homem de mentalidade politécnica, afeiçoado desde cedo aos estudos exatos, às observações frias, às deduções rigorosas, foi o chefe supremo da parte experimental do Espiritismo à qual deu o maior desenvolvimento, ainda não suplantado.
Delanne fez ver através de suas obras que a Física moderna, o magnetismo, o hipnotismo, a sugestão verbal ou mental, a clarividência, a telepatia e o Espiritismo, todos esses conhecimentos novos são convergentes para as fronteiras espirituais. Tornou evidente que as provas das comunicações dos espíritos, sendo tão numerosas quão variadas tornariam o Espiritismo uma demonstração científica da imortalidade. Em sua luta incessante iniciada aos 13 anos, publicou aos 68 anos de idade uma obra de incomparável valor intitulada “A Reencarnação”, última de seu gênio privilegiado. Pela solidez apresentada, pelo rigor de sua lógica, pelo valor de sua argumentação, pela escolha de suas provas, pela superioridade de sua tese, e pela imparcialidade com que apresenta os fatos, essa obra ı a primeira da coleção delanneana.
Abordando todas as angulações elaboradas pela codificação, Delanne sempre respondia com humildade sobre sua prória obra: “Nada tenho dilatado. Tudo que há é de Kardec. Apenas tenho feito constatações. Mostrei-as em meus livros e demonstro-as na prática diária. Nada acrescento”. Excesso de modéstia dele. Sua obra complementa e solidifica os ensinamentos de Kardec, abordando temas correlatos e aprofundando outros onde o grande codificador não
dispusera de tempo para considerações maiores.
Delanne foi o pesquisador que de maneira incansável soube aproximar a ciência da religião, certo que ambas teriam que caminhar unidas para uma compreensão lógica do universo e dos seus habitantes, os espíritos. O insigne pesquisador dedicou toda a sua vida à propagação do Espiritismo, pelo qual se sacrificou inutilmente aos olhos daqueles que só vêem no imediatismo a verdadeira razão do viver humano e por isso não podem compreender que, por força desse desprezo pelas vaidades e ambições terrenas, ele se cobriu de glórias espirituais pelo trabalho bem conduzido, sem vacilações e fielmente executado até seu derradeiro instante da vida corpórea.
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GABRIEL DELANNE
(1857 – 1926)
GABRIEL DELANNE, discípulo e continuador da obra de Kardec. Reencarnou em Paris, França, no dia 23 de Março de 1857; desencarnou em 15 de fevereiro de 1926, com 69 anos de idade.
Engenheiro Eletricista (que hoje se denomina Eletrotécnico), formado pela Escola de Artes e Ofícios.
Seu pai, Alexandre Delanne, foi contemporâneo e companheiro de Allan Kardec e, por ocasião da desencarnação deste, foi quem falou à beira do túmulo, em nome dos espíritas dos centros distantes.
Alexandrina Delanne, sua mãe, segundo nos relata Canuto Abreu, foi uma das médiuns de Allan Kardec.
Gabriel Delanne foi, pois, espírita “de berço”. E se fez o mais destacado valor da parte experimental e uma das maiores figuras da história do Espiritismo, até os dias de hoje.
Ninguém o suplantou.
O Dr. Canuto Abreu se ufanava por ter conhecido e convivido pessoalmente com Gabriel Delanne. Freqüentou sua casa, que era, diz Canuto, “também sede duma sociedade espirítica. Assisti a trabalhos por ele presididos. Ouvi suas lições práticas. Suas longas e cintilantes narrativas. Suas discussões, em que às vezes erguia a voz, exaltado pela convicção posta em dúvida, e logo a baixava, sorridente, ao perceber a porta do misticismo, que detestava como
cientista.”
“Ninguém”, dia João Teixeira de Paula, “mais e melhor do que Delanne se importou com a magna questão de se saber quando um fenômeno é anímico ou estritamente espirítico. Nem Alexandre Aksakoff, cuja distinção entre um fenômeno e outro é algo confusa e contraditória, nem Ernesto Bozzano, que se limitou a mostrar que o Animismo prova o Espiritismo – estudaram, com tanta abundância de exemplos, comparações, restrições e cessões, o que é o Animismo.”
Gabriel Delanne foi presidente da “Union Spirite Française”, onde fundou, em 1884, “Le Spiritisme”, e foi o seu representante no Congresso Espírita de Bruxelas, Bélgica, desse mesmo ano (1884); foi Presidente da “Société Française d´Études des Phénomènes Psychiques”, onde, também, fundou, em 1897, e dirigiu, a “Tribune Psychique”; foi membro do Comitê do Instituto Metapsíquico Internacional, e membro honorário da “Société d´Études Psychiques de Nancy”.
Em 1882, juntamente com Leymarie participou da assembléia que fundou a Federação Espírita Francesa e Belga.
Em 1896 fundou a “Revue Scientifique et Morale du Spiritisme”, da qual foi o seu Diretor e, em 1898, apresentou, no Congresso Espiritualista de Londres, extensa “memória”.
Em 1897, fundou “La Tribune Psychique”, órgão da “Société Française d´Études des Phénomènes Psychiques”.
O seu primeiro livro – “Le Spiritisme devant la Science”, foi publicado por Librairie Dentu, de Paris, em 1883, ‘in’ 18, 472 pp.; vertido para o espanhol, “El Espiritismo ante la Ciência”, Barcelona, 1886, Ed. El Cortijo, e traduzido, por Carlos Imbassahy, para o português, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1ª. ed. 1939, 365 pp.
A seguir publicou:
“Le Phénomène Spirite”. Testemunho dos sábios. Estudo histórico. Exposição metódica de todos os fenômenos.
Discussão das hipóteses. Conselho aos médiuns. A teoria filosófica. Paris, Chamuel, 1893, ‘in’ 12, 296 pp. Obra traduzida para o português pelo Marechal Francisco Raymundo Ewerton Quadros, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1951, 1ª. ed. 276 pp.
“L´Évolution Animique”. Ensaio de psicologia fisiológica segundo o Espiritismo. Trata da força vital, do perispírito, da força nervosa psíquica, do amor conjugal, do inconsciente psíquico, do sonambulismo provocado, da obsessão e da loucura, etc. Chamuel, Paris, 1897, ‘in’ 18, 368 pp. Versão castelhana, de J. Torrens, “La Evolución Anímica”, Barcelona, 1899, e traduzida para o português por M. Quintão, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1938, 1ª. ed. 288 pp.
“Recherches sur la Mediumnité”. Investigações sobre a mediunidade. Paris. 1898.
“L’Âme est Immortelle”. Demonstração experimental. Chamuel, Paris, 1899, ‘in’ 18, 468 pp. Traduzida para o português, por Guillon Ribeiro, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1901, 1ª. ed. 314 pp.
“Le Périsprit”, Paris Chamuel, 1899.
“Documents pour servir à l´étude de La Reincarnation”. Éditions de La B.P.S., Paris, 1924. – Posteriormente foi titulada “La Reincarnation” Editions de La B.P.S. , Paris, 1924., 1ª. ed. 408 pp. Traduzida para o português – Reencarnação – por Carlos Imbassahy, ed. FEB – Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1940, 1ª. ed. 323 pp.
“Le Magnetisme Animal”.
“Les Vies Sucessives”. Memória apresentada ao Congresso Internacional de Londres. Traduzida para o espanhol por Victor Melcior y Farré, com prefácio de Quintín Lopes Gomes, Barcelona, 1898, Est. Tip. de Juan Torrens, 127 pp.
“Les Apparitions Matérialisées des Vivants et des Morts”, Librairie Spirite – Leymarie Editeur, Paris, França, 1909, Tomo I – ” Les Fantômes de Vivants”, 1ª. ed. 527 pp. Tomo II, 1911.
Na construção das suas obras, na ordenação das suas deduções, em todas as suas exposições, ressalta o senso da precisão científica, o respeito pela verdade demonstrada, a necessidade racional de apoiar a afirmação no testemunho concreto.
Na notável e extensa memória que apresentou ao Congresso Espiritualista de Londres, em Junho de 1898, dizia Delanne que a Providência fizera surgir missionários em todas as nações para pregarem a moral eterna: Confúcio, Buda, Zoroastro, Jesus, são as grandes vozes que ensinaram uma doutrina idêntica sob diversos aspectos.
São dessa Memória as seguintes conclusões:
1. O ser vivo não é realmente senão uma forma em que passa a matéria.
2.A conservação dessa forma é devida ao princípio inteligente revestido de uma certa substancialidade.
3.Tanto em relação ao animal como em relação ao homem, a conservação dessa forma tem lugar depois da morte.
4.As modificações moleculares nesses invólucro são indestrutíveis.
5.A repetição dos mesmos atos, físicos, ou intelectuais, tem resultado torná-los fáceis, depois habituais, depois reflexos, isto é, automáticos e inconscientes (Não sendo os instintos senão hábitos, de milhões de anos seculares).
6.A série dos seres organizados é fisicamente contínua tanto atualmente como no passado.
7.As manifestações do instinto, depois mais tarde, da inteligência, em todos os seres vivos, são graduais em seu conjunto e intimamente ligadas ao desenvolvimento dos organismos.
8.O homem resume e sintetiza todas as modalidades anatômicas e intelectuais que existiram na Terra.
9. Os fatos de observação estabelecem a reminiscência de estados anteriores nos animais e a recordação das precedentes vidas no homem.
10.Finalmente, certos Espíritos predizem a sua volta a este mundo e outros afirmam as vidas sucessivas.
Das obras referidas, a FEB – Federação Espírita Brasileira publicou, em nosso idioma, cinco delas: A alma é imortal. Tradução de Guillon Ribeiro, 1901.
A evolução anímica. Estudos sobre psicologia fisiológica. Tradução de Manuel Quintão – FEB, 1938. 1ª. edição, 288 pp.
O espiritismo perante a ciência. Tradução de Carlos Imbassahy. FEB, 1939. 1ª. edição, 365 pp.
Reencarnação. Tradução de Carlos Imbassahy. FEB, 1940, 1ª. edição, 323 pp.
O fenômeno espírita. Tradução de Francisco Ewerton Quadros, 1ª. edição, anotada pela FEB, 1951.
Dedicando-se integralmente ao Espiritismo, viveu dos direitos autorais dos seus livros. Sua vida foi paupérrima, sob esse aspecto. Sob o ponto de vista físico, teve grave incapacidade: paralítico e cego, porém sempre lúcido. Por tal razão seu “último trabalho, que ditou, foi lido na sessão inaugural do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no dia 7 de Setembro de 1925”.