Biografia de CAIRBAR DE SOUZA SCHUTEL 1868-1938
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Nasceu em 22 de setembro de 1868, à rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, sendo neto de suíços-franceses a desencarnou no dia 30 de Janeiro de 1938.
Aos nove anos viu-se órfão de pai, e, seis meses após, sua mãe desencarnou em conseqüência de um parto. O seu avô, Dr. Henrique Schutel tomou-o aos seus cuidados, matriculando-o no Colégio Pedro II, onde estudou até a segunda série.
Na escola não foi um bom aluno; era irrequieto e travesso. Entretanto, quando decidia tirar boas notas, ninguém o alcançava.
Muito cedo fugiu de casa, decidido a não estudar mais, indo para a residência de uma irmã de criação. Nessa época, sentindo-se adulto, empregou-se numa farmácia, e assim estaria escolhida a profissão que conservaria por toda a vida.
Mudando de ambiente, mudou radicalmente de vida. Aos 17 anos já era um farmacêutico prático de respeito; ativo, honesto e inteligente, captava a confiança integral dos patrões.
Afastando-se do Rio de Janeiro, esteve trabalhando em Piracicaba e em Araraquara, dirigindo-se finalmente para Matão, onde se radicou. Sempre voltado ao trabalho, deu um grande impulso à cidade, que, graças à sua influência benéfica, foi elevada à condição de município em 1899, tendo sido Cairbar o seu primeiro prefeito; com os seus próprios recursos, construiu o prédio da Câmara Municipal.
A sua conversão ao Espiritismo foi um processo lento e cauteloso. Após ter recebido uma mensagem de D. Pedro II, em uma sessão na casa do Dr. Calixto de Oliveira, que o alertava sobre a sua importante tarefa, mandou buscar no Rio os livros básicos da Codificação, e, em 15 de julho de 1905, fundou o Centro Espírita Amantes da Pobreza, um ano após sua conversão.
Como era de esperar, os combates contra ele não tardaram. O padre João Batista Van Esse, ultramontano e reacionário, foi o seu primeiro desafeto gratuito.
Insensível aos ataques, trabalhava incessantemente no atendimento aos necessitados, quer como farmacêutico, quer como dirigente do Centro Espírita. Em 15 de agosto de 1905 lançou o jornal O Clarim, até hoje em circulação por todo o Brasil.
Impossibilitado de enfrentar o grande espírita, Van Esse solicitou o concurso de arcebispos a padres que vieram do exterior sem nada conseguir. Desesperado, chamou Schutel a debates públicos, organizou um boicote a sua farmácia, a conseguiu uma ordem política para fechar o Centro. Cairbar jamais se atemorizou. Aos argumentos opunha argumentos mais fortes e à violência respondia com amor.
Vencido, Van Esse foi transferido para Araraquara. Ao partir dirigiu-se à residência de Schutel para as despedidas:
– Schutel, vim despedir-me!… Brigamos e nenhum logrou convencer o outro. Eu, entretanto, estou convencido de que você é um homem de bem…
Pudera! Não fosse eu espírita… …Sincero em sua crença.
Claro. Não defendesse eu a verdade!
A verdade – replicou Van Esse – penso estar comigo
Mas não discutamos agora. Vou deixar Matão. Não quem levar nem deixar ressentimentos.
De mim não levará nenhum, porque o espírita perdoa sempre.
– Perdoemo-nos, um ao outro, os nossos excessos, suplicou Van Esse.
– Por mim, tudo desculpado, embora os excessos não partissem de mim…
– Fiquemos bons amigos…
– Bons amigos a irmãos em Cristo, embora cada um O procure por caminho diferente.
– Você é um homem de bem, finalizou Van Esse.
Cingiram-se num forte abraço a Van Esse oferece a Cairbar uma Bíblia com expressiva dedicatória.
Schutel realizou um trabalho magnífico junto aos obsidiados, recolhendo-os em seu próprio lar.
Em 1912 chegou a alugar novas dependências para abrigá-los.
Casou-se, mas não teve filhos. Sua esposa, dona Maria Elvira da Silva, acompanhou-o em suas tarefas, e desencarnou em 1.918.
Em 25 de fevereiro de 1925 saiu o primeiro número da revista Internacional de Espiritismo, fundado por Cairbar Schutel. Durante muitos anos atuou como conferencista, percorrendo diversas cidades.
Sua obra literária, que totaliza 15 títulos, abrange os três aspectos doutrinários: Histeria e os Fenômenos Psíquicos, Médiuns e Mediunidade, Gênese da Alma, O Diabo e a Igreja, Materialismo e Espiritismo, Parábolas a Ensinos de Jesus, O Espírito do Cristianismo, Vida a Atos dos Apóstolos, Interpretação Sintética do Apocalipse, O Batismo e outros.
Desencarnou aos 70 anos, no dia 30 de janeiro de 1938, às 16h 15. Vinte minutos após o seu passamento, Urbano de Assis Xavier sentiu a sua presença: “Urbano, conforte o pessoal, estou satisfeitíssimo!”.
No dia seguinte, pela manhã, quando seu corpo estava para ser trasladado, Schutel comunicou-se através de Urbano: – “Não queria comunicar-me para não desgastar mais o Urbano, mas, eu que preguei tanto a vida após a morte, aqui estou para dar o testemunho da imortalidade…”. E confortou a todos conversando tom grande emoção e firmeza.